A britânica Lindsay Sandiford, de 69 anos, está há mais de uma década aguardando a execução no corredor da morte na prisão de Kerobokan, em Bali, na Indonésia. Condenada por tráfico de drogas em 2013, ela fez um pedido final comovente: que sua família não esteja presente no momento de sua morte.
Prisão e condenação
Em 2012, Sandiford foi presa no Aeroporto Internacional Ngurah Rai, quando tentava entrar no país com cerca de 5 quilos de cocaína escondidos na bagagem. A droga viera de Bangkok, na Tailândia, e teria valor estimado em milhões de dólares. Por causa da legislação rígida da Indonésia, ela foi sentenciada à pena de morte por fuzilamento.
Vida no corredor da morte
Desde então, Sandiford cumpre pena na superlotada prisão de Kerobokan. A unidade, projetada para 350 detentos, já chegou a abrigar quase 1.400 pessoas. Ela divide uma cela de cerca de 3 metros por 2,4 metros com outras 13 mulheres espaço originalmente destinado a apenas três internas.

Heather Mack, ex-colega de cela, relatou que Lindsay leva uma vida solitária. “Ela passa a maior parte do tempo sozinha, evita conversar e às vezes se irrita sem motivo. Ainda assim, continuo tentando manter contato com ela”, afirmou Mack.
Pedido final e resignação
Sandiford, diante da realidade da execução, expressou um desejo surpreendentemente sereno: “Quando acontecer, não quero que minha família esteja aqui. A única certeza da vida é que ninguém sai vivo dela”, disse.

Ela também revelou como o trauma de ver outros presos sendo levados para o fuzilamento a fez refletir sobre seu próprio destino. “Eles mudaram muito, achávamos que seriam poupados. Quando os vi sendo levados, percebi que meu fim também estava próximo”, contou a amiga Mack.
Nova legislação pode mudar sua pena
Recentemente, mudanças na lei indonésia abriram uma possibilidade de mudança de pena para detentos no corredor da morte. Agora, é possível converter a pena capital em prisão perpétua se o condenado demonstrar bom comportamento e ações exemplares durante a reclusão.
Sandiford, que ensina outras detentas a tricotar e tem mantido uma conduta tranquila, pode ser beneficiada. Segundo fontes ligadas à prisão, ela começou a doar seus pertences acreditando que seria libertada em breve.
“Ela ficou deprimida porque ainda não foi solta, mas segue com esperança. Doou suas roupas e pertences acreditando que sairia a qualquer momento”, revelou uma fonte.
Expectativa de liberdade
Com a posse de um novo presidente na Indonésia, houve promessa de redução da população carcerária, com prioridade para cidadãos locais, seguida pela análise de casos de estrangeiros como os australianos do grupo “Bali Nine”, já repatriados.
No início do ano, Sandiford teve um raro reencontro com seus familiares, inclusive seus netos. O momento, segundo pessoas próximas, foi de grande emoção e pode ser um sinal de que a tão aguardada liberdade está próxima.
Depois de anos de incerteza e isolamento, a esperança parece finalmente ter fundamento.